Odon Alves Nogueira

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As mãos que criam, criam o quê?

Odon, nasceu em Bela Vista e viveu parte da vida na Zona Rural. Começou esculpindo em pedra sabão e com o tempo migrou para o barro. Costumava fazer casinhas, como as de cupins, e colocava objetos dentro. Até que um dia uma cliente comentou a semelhança do seu trabalho ao de Antônio Poteiro. Ficou curioso de saber quem era Antônio e foi até Goiânia para conhecê-lo.

Quando o encontrou e viu seus trabalhos pensou: "Meu Deus, minhas coisas parecem muito com as dele".

A visita curiosa se transformou em uma relação de mestre e aprendiz. Odon e Antônio Poteiro trocaram saberes e inspirações por muitos anos. Segundo Odon, apesar das semelhanças, suas peças se diferenciavam por serem mais detalhadas. Com o tempo começou a desenvolver seus trabalhos observando o entorno da fazenda.

Suas peças também trazem como referência, festas populares e seus personagens das folias de reis, palhaços, coco, cavalhadas e outras celebrações lúdicas do imaginário local.

“É interessante porque as pessoas da cidade gostam. A gente é um grande vendedor de sonhos".

Quem cria?

Para Odon, arte é sustento. Trabalhar com outro ofício parece não fazer sentido para ele. Considera que o maior desafio é viver de arte, mas para ele: “A arte, ela escolhe algumas pessoas e abre portas onde mesmo se tivesse dinheiro talvez não abrisse”.

Atualmente Odon trabalha com pintura e cerâmica, segundo ele sempre teve vontade de pintar, sempre queimou no seu coração o desejo de se expressar também através dos pincéis.

"Existem muitos valores nas duas linguagens porque trago a representação do meu mundo. Meu sentimento de recriar o que eu vejo, o universo do que penso. Às vezes estou parado e vem uma peça na cabeça, aí ela fica um tempo e depois eu crio ela”.

Para Odon, criar é um exercício cotidiano, o trabalho ensina. Não consegue explicar como chegou até onde está porque acredita que são processos diários, não existe uma fórmula.

A troca de saberes que permeou seu caminho também o levou a facilitar muitas oficinas em feiras e espaços de arte, educação e cultura. Um dos grandes desejos da sua vida profissional é ter um ateliê aberto, onde pessoas que queiram sentir o barro ou a pintura possam se aproximar para que ele compartilhe o que sabe. Facilitando esse caminho do fazer artístico, por vezes tão tortuoso.

“Não é fantástico ser condutor? O professor é um condutor. Ele não ensina, ele conduz. Ou você assimila ou deixa passar. Eu quero ser um condutor. Falar da água, do tempo de forno, etc. O barro é um negócio muito espiritual”.

Onde cria?

Nasceu em Bela Vista, cidade localizada a 45 km da capital, Goiânia, onde vive há anos e tem sua casa ateliê. Cresceu na Zona Rural, no município que beira o córrego Sussuapara, próximo aos centros de mineração: Bonfim e Santa Cruz. Tropeiros e carreiros que transportavam mercadorias de Minas Gerais para Goiás fizeram do local ponto de pouso construindo o “rancho dos tropeiros”, circundando-o surgiu o povoado. Bela Vista tem aproximadamente 31 mil habitantes e tem como base econômica a agropecuária, o que explica as manifestações populares típicas de regiões rurais que foram temas de muitos trabalhos de Odon.  

Já adulto, migrou para Goiânia, centro econômico e capital do estado, região de planalto, com poucos morros, que conta com aproximadamente 1,6 milhões de habitantes, saindo de um contexto rural e se aproximando do espaço urbano. Ainda assim, Goiânia é considerada uma das cidades mais arborizadas do Brasil com programas de desenvolvimento sustentável reconhecido mundialmente, tendo sua vegetação predominantemente de cerrado com faixas de floresta tropical e clima tropical semi-úmido.

Odon a princípio trabalhou em ateliês de outros artistas e artesãos e assim foi conquistando seu espaço. Com a humildade de quem sabe ouvir e compartilhar, partindo sempre do sentir verdadeiro.

Assim, Odon foi acolhido por mestres e ateliês de cerâmica em Goiânia. Conta que, com ajuda de amigos, participou de um intercâmbio cultural em Portugal, na cidade de Telhado. A cidade tem como tradição a feitura de moringas, potes e objetos utilitários em cerâmica.