Artesol prestigiou artesãos e artesanato brasileiros na 22ª Fenearte, no Centro de Convenções de Pernambuco

Feira reuniu mais de 5 mil artesãos e Olinda em uma 22ª edição surpreendente
Tayana Moura
‘Pouco a pouco, as artérias vão sendo desbloqueadas e o sangue volta a circular pelas veias da Manguetown’

Trecho do Manifesto Manguebeat, ‘Caranguejos com Cérebro’, de autoria do artista Fred Zero Quatro

Depois de um hiato (forçado pela pandemia da Covid-19), seguido da edição de dezembro de 2021 ainda tímida, finalmente a Feira Nacional de Negócios do Artesanato - Fenearte retomou sua programação de forma pulsante, conectando cerca de 5 mil artesãos a um público apaixonado pela produção artesanal em Olinda (PE). Ao todo, a A 22ª edição da Fenearte - que aconteceu entre os dias 06 e 17 de julho - teve um saldo de 300 mil visitantes e mais de R$ 40 milhões movimentados durante os 12 dias de realização. 

A edição celebrou os 30 anos do Manguebeat, encabeçado pelo artista Chico Science, líder da banda Nação Zumbi, que ‘fincou uma parabólica no mangue’ em nome de uma renovação cultural e artística na cidade do Recife e arredores. Como não poderia deixar de ser, os símbolos do movimento ajudaram a compor uma decoração autêntica e cheia de referências, com direito a reproduções de caranguejos, manguezais, parabólicas e do próprio Chico.

A Artesol esteve presente nos primeiros dias da feira para prestigiar os artesãos e artistas populares de todo o Brasil, realizar uma curadoria de produtos para a Artiz e tecer novos encontros. A equipe que participou da feira incluiu a diretora executiva Jô Masson, a gestora financeira, Sheila Maiorali, a coordenadora da Rede Artesol, Helena Kussik e a assessora comercial da Artiz, Daphne Sciencia.
 

Mestra Cida Lima. Foto: Tayana Moura

Alamedas dos mestres e dos estados em destaque

À primeira vista, logo na entrada principal, a 22ª Fenearte reunia 64 mestres artesãos e suas obras na concorrida Alameda dos Mestres. Entre madeira, cerâmica, fibras vegetais e outras tipologias, era possível encontrar nomes como Cida Lima, Neguinha e Nanai, Mano de Baé, Fida, Abias, Nicola, entre tantos outros exemplos que colocam Pernambuco em evidência no mapa da arte popular brasileira.

Enquanto isso, a também celebrada Alameda dos Estados, capitaneada pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), conseguiu agregar artesãos do país inteiro, promovendo uma diversidade única de trabalhos de diferentes territórios, biomas, matérias-primas, técnicas e histórias. 

Grupos artesãos da Rede Artesol marcaram presença na 22ª Fenearte

Antônio Castro e Helena Kussik, da equipe Artesol, coma artesã Valda Guedes, do Grupo AZEM, de Serranópolis (GO). Foto: Tayana Moura

Durante os momentos de articulação e diálogo com grupos de artesãos e artistas populares, a atuação da Rede Artesol foi citada e reconhecida como um vetor que contribui para garantir mais autoestima, autonomia e oportunidades para a cadeia da produção artesanal brasileira.

Para Roseli Schiller, do grupo Redeiras, de Pelotas (RS), a participação na Rede Artesol tem aberto portas e atraído muitos clientes para o coletivo. “Aqui, na própria Fenearte, um cliente, que chegou através da Artesol, levou nossas peças para o Espaço Janete Costa (mostra criada a partir de curadoria que une artesanato e design na feira). Isso é motivo de orgulho para nós”, ressaltou a gestora do grupo que trabalha com acessórios tramados a partir da rede de pesca reciclada.

Quem também marcou presença na 22ª Fenearte foi a Central Veredas, núcleo de associações do noroeste de Minas Gerais composto por 150 mulheres divididas em 8 grupos produtivos. Segundo a coordenadora Monique Barboza, fazer parte da Rede Artesol só trouxe ganhos para a cooperativa por meio de parcerias, contato com lojistas e até exportação de produtos. “Só temos a agradecer à Rede por fazer esse movimento pelo artesanato brasileiro”, destacou.

Helena Kussik, coordenadora da Rede Artesol no espaço do Grupo Quilombolas de São Lourenço na Feira. Foto: Tayana Moura

Já artesã Cecília Gouveia, do grupo Quilombolas de São Lourenço, de Goiana (PE), afirmou que integrar o projeto é uma das maiores conquistas do grupo até aqui. “Estamos na Rede Artesol desde 2019 e, de lá pra cá, tivemos acesso ao desenvolvimento digital, começando a usar ferramentas que nem sabíamos que existiam, assim como também descobrimos a importância da carteira do artesão, entre outros benefícios. A Artesol é ímpar e só fez engrandecer o nosso trabalho”, comentou orgulhosa.

Sheila Maiorali e Josiane Masson (da equipe Artesol) com os artesãos Margarida Pereira e José Maria Silva, de Caraí (MG)

A coordenadora da Artesol, Josiane Masson, fez uma avaliação positiva do evento. "Foi uma grande satisfação ver o entusiasmo dos artesãos voltando para a Fenearte em seu mês original e com maior tranquilidade em relação à crise pandêmica. Sentimos o quão esperançosos eles estavam em vender suas produções, ampliar suas redes de contato para novos negócios, além da felicidade em  celebrar o encontro afetuoso com seus antigos clientes e amigos."

Sobre o autor

Tayana Moura

Tayana Moura, alagoana, é jornalista, produtora de conteúdo e artista têxtil. Como boa entusiasta dos temas, adora ouvir e contar histórias sobre cultura, artesanato e arte popular brasileira.
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