Mestre Dico - Raimundo Soares Cavalcanti

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As mãos que criam, criam o que? 

Após uma ampla pesquisa que resultou em um Manual de Aplicação, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), reconheceu a Arte Santeira do Piauí como patrimônio nacional. O manual se constitui em ferramenta teórico-metodológica do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) para identificação, documentação e registro desse patrimônio na categoria ofício e modos de fazer. É um instrumento indispensável na preservação e salvaguarda de bens culturais de natureza material e imaterial. No manual foram catalogados 45 santeiros denominados “Senhores de seu ofício: arte santeira do Piauí”. Mestre Dim é um de seus mais expressivos representantes, autor de santos e anjos em cedro que prenunciam contentamento.

Quem cria?    

Raimundo Soares Cavalcanti trabalhava como vendedor ambulante na Praça Marechal Deodoro em frente ao Museu do Piauí, em Teresina. Vendia roupas. Certo dia o cunhado, Mestre Manoel Martins, um artista já reconhecido, contemporâneo de Mestre Dezinho, notou que ele desenhava bem e o convidou para trabalharem juntos. Ganharia mais no novo ofício. Começou a desenhar as peças, e talhar. Tinha por volta de 17 anos. Experiente, e notando a destreza e rapidez em talhar que o jovem demonstrava, Manoel comentou: “Estou vendo sua habilidade, você vai ser um grande artista”. Com ele aprendeu a arte de esculpir e entalhar. 

Em certa ocasião, o mestre lhe pediu que produzisse uma peça de sua autoria e apresentasse na Central do Artesanato Mestre Dezinho, um complexo de lojas gerido pelo governo do estado que reúne a produção artesanal e artística piauiense. O centro apoia a comercialização da produção artesanal através da aquisição de peças e exposição em feiras nacionais para serem vendidas. Havia um subsídio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para essa iniciativa de acesso a mercado. Ao se apresentar com sua peça, as supervisoras ficaram deslumbradas. Foi adquirida e Dico retornou com a encomenda de outras três peças. Com o falecimento de Mestre Manoel Martins, ele assume seu atelier, suas encomendas e dá continuidade ao seu trabalho. De lá pra cá não parou mais. Se aprimorou nas criações e no acabamento das peças e passou a ser reconhecido a partir da participação em salões de arte, com obras em exposições no Brasil e no exterior. Esteve presente na XIII Feira Internacional do Artesanato Tradicional em Córdoba – Argentina, no I Salão Janeiro de Artes, no V Salão de Artes Plásticas em Teresina - Piauí, na Mostra Nacional de Arte Sacra Popular em Salvador - Bahia, no II Salão de Arte Santeira, no VII Salão de Artes Plásticas, no I, II e III Salão de Arte Santeira em Teresina e Parnaíba e em exposições de artesanato nos Estados Unidos, Alemanha, Bélgica e Argentina. Foi reconhecido mestre de ofício pelo Governo do Piauí e é autor do painel regional do hall de entrada da Central de Artesanato Mestre Dezinho, em Teresina-PI. Com 45 anos de trabalho e painéis espalhados em diversos edifícios públicos, trabalha ainda com restauração de mobiliários, esculturas e obras de arte na Oficina de Restauração da Fundação Cultural do Estado do Piauí. Coleciona por todo o Brasil clientes lojistas e galeristas de arte e é considerado, aos 65 anos, um dos mais talentosos artesãos em madeira do Piauí. 

Para Mestre Dico, escultor e restaurador, o artesanato é seu ofício. “Gosto de fazer arte santeira, regional e tenho prazer em retratar a realidade, mostrando os nossos trabalhadores, o lavrador, as quebradeiras de coco”. Se orgulha em assistir novos talentos despontando e segue com muitos planos: fazer uma obra grandiosa - uma Santa Ceia em tamanho natural, sem intenção de vender: “Quero que fique na historia da arte, na divulgação da nossa cultura”.

Onde criam?

Nascido em Novo Oriente, Ceará, em 1954, Dico foi para o Piauí ainda pequeno onde hoje mora e trabalha, na cidade de Teresina. Produz e expõe suas obras em casa e assim pretende seguir por outros longos anos.