São Mateus/ES

O artesanato tradicional é um potencial imenso em processo de revitalização, reprodução de conhecimentos e técnicas. Aqui temos uma pequena amostra do que é produzido nos polos de cerâmica, madeira e trançado em cipó.

Tema: Trançado e Cestaria - 1998-2000

Cidade: São Mateus/ES

Duração: 2 anos

Artesãos Beneficiados: 19

Gênero: mulheres

São Mateus é um município no norte do Espírito Santo, com aproximadamente 80 mil habitantes e, pelo menos, 400 anos de história. Trata-se de contexto de densidade histórica e complexidade cultural crescente, com lugares de cultura tradicional bastante diversificados, como o artesanato, a culinária, as festas, a música, a religiosidade.

O artesanato tradicional é um potencial imenso em processo de revitalização, reprodução de conhecimentos e técnicas. Aqui temos uma pequena amostra do que é produzido nos polos de cerâmica, madeira e trançado em cipó. Esses polos são constituídos de núcleos familiares, situados em diferentes lugares, no entorno da sede do município, no vale do Rio São Mateus.

O núcleo de cerâmica é constituído pela família extensa de D. Antônia, que combina a tradição baiana com a capixaba. Sua olaria e residência se localizam na Rodovia Otovarino Duarte Santos km 04 – Pedra d’água. O processo de feitura das peças é manual, iniciado a partir de uma bola de argila grossa, bem batida, colocada sobre uma tábua. Vai sendo trabalhada com os dedos, sabugo e cuité (cabaça), pano molhado e seixos de rio. Ela levanta a mão, faz tiras que molda como rodilhas para fazer alças de tampas, asas de jarras, de moringas e pegadores de panelas. Alisa com sabugo e pano molhado; lixa e dá brilho com as pedras; põe pra secar na sombra um, dois dias. As peças são queimadas quando em quantidade suficiente para encher o forno.

O núcleo de madeira é formado por uma comunidade de pescadores às margens do Rio São Mateus. Nesta comunidade – Barreiras – moram mais ou menos 45 famílias. As mulheres cuidam da casa, das crianças e algumas fazem esteiras de taboa e vassouras de guriri. Os homens pescam e se dedicam ao artesanato em madeira. Produzem agulhas para tecer redes, barquinhos, peixinhos e outros bichos; e as casacas – instrumentos parecidos com um reco-reco antropomorfo, muito usadas nas festas da região, como os jongos e os rei de boi. A madeira utilizada é a batinga, jaúba, cupuba, canela, espécies encontradas na região. Depois de cortada, descascada, posta para secar, a madeira é entalhada. O equipamento de trabalho básico é a serra, formão, talhadeira e serrinha. Eventualmente lápis e tinta. Seu Manoel é o mestre que socializa sua sabedoria neste núcleo.

Na BR 101, indo em direção a Conceição da Barra, na localidade de Igrejinha, uma pequena vila rural, há um núcleo de produção de cestarias de cipó. De maneira geral, o cipó utilizado é de  vários tipos: traía, jacaré, timbó. A matéria-prima é obtida nas reservas de empresas que replantam eucalipto. A tradição é passada em família. Os únicos instrumentos utilizados são facão e faca, com os quais o artesão corta, descasca e “quebra as linhas” ou desfia as tiras que serão trabalhadas após serem colocadas para secar. A técnica de confecção é dividida em duas etapas. Em um primeiro momento, o artesão fez a base com pelo menos quatro talos cruzados, firmados pelo esteio – o qual é trançado nesta base. A partir daí, trança várias tiras na forma desejada. A utilidade da peça condiciona o trançado, sendo que, em geral, as peças são destinadas à colheita, ao transporte e ao armazenamento de alimentos.

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