
Amilton Trindade Narciso
As mãos que criam, criam o que?
As primeiras peças de Amilton que conquistaram as pessoas foram os anjos e os santos. Seu traço traz forte influências de suas referências barrocas, tão presentes nessa região de Minas Gerais. Os anjos que entalha possuem feições mais infantis e trazem uma característica própria de Amilton que são os lábios mais carnudos.
Quem cria?
Quando começou a esculpir, Amilton Trindade Narciso, a comunidade de Vitoriano Veloso, mais conhecida por Bichinho, percebeu que ele seria um grande artista. Amilton aprendeu a transformar madeira em escultura, com seu sogro, o artista Martiniano Moreira de Carvalho, o Naninho. Atualmente, Amilton é referência na região como representante da tradição santeira de Minas Gerais.
Desde criança já gostava de brincar com as cascas de pinhão que eram usadas para fazer tábua na construção civil. A casca é grossa e macia e Amilton fazia estrelas, coração, experimentando o entalhe, sem nenhuma referência de pessoas que já faziam. Foi somente mais tarde, na década de 1990, com o projeto “Oficina de Agosto”, quando o entalhe e a cerâmica floresceram em Bichinho, que a região passou a respirar o artesanato.
Amilton começou a se dedicar ao artesanato nesse momento. Na época tinha 19 anos e antes já havia experimentado a jardinagem e pintura de paredes que eram os serviços mais disponíveis no distrito. Foi quando passou a acompanhar Naninho em sua oficina e aprendeu com ele a entalhar a madeira. Trabalharam juntos por um tempo e aos poucos Amilton foi experimentando e firmando o seu caminho. Atualmente, desenvolve as suas peças em sua oficina, onde também trabalha um de seus irmãos.
Onde cria?
Aos pés da serra de São José, no estado de Minas Gerais, encontra-se Vitoriano Veloso, ou Bichinho, o bairro rural de Prados fundado pelo único inconfidente negro que se tem notícia, o alfaiate Vitoriano Gonçalves Veloso. Prados, a cidade à qual o bairro é vinculado, é conhecida pela forte presença do artesanato e da arte popular.
Em Bichinho, entretanto, o artesanato foi impulsionado pelos irmãos e parceiros Antônio Carlos Bech, conhecido como Toti, e Sonia Bech Vitaliano. Toti, artista plástico paulista, chegou ao Bichinho em 1991 e ali desenvolveu o projeto “Oficina de Agosto” que tem como objetivo criar outras possibilidades de vida, através da valorização de diferentes expressões artesanais. A iniciativa fez do artesanato uma importante base sustentável do desenvolvimento local e despertou em muitas pessoas, como Naninho e Amilton, seu potencial artístico.
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