
Alaize Lopes Ferreira
As Mãos que criam, criam o que?
Alaíze produz bolas decorativas, vasos de flores, moringas, entre outras peças. O barro é coletado na comunidade e a tinta que utiliza é natural de origem mineral. Para a pintura de flores e penas, utiliza penas variadas, e depois de pintadas, as peças são queimadas em fôrno a lenha.
Quem cria?
“Eu, graças a Deus, vivo do artesanato e eu acho que o artesanato é uma coisa maravilhosa de trabalhar. Além de ser terapêutico, é uma arte. E eu acho que é um dom divino, porque até eu fico sem acreditar nas coisas que eu faço”.
Alaize Lopes Ferreira começou a modelar o barro, aos 10 anos de idade. Aprendeu com a avó e a mãe, e quase todas as mulheres de sua família trabalham com o artesanato. Dentro do processo de feitura das peças, a pintura é considerada por muitas como a parte mais difícil, pois exige precisão, cuidado e criatividade na combinação das cores. E essa é parte que Alaize mais sente prazer em fazer. Ainda criança se destacou por sua habilidade com a pintura e logo começou a ser chamada pelas vizinhas artesãs para ajuda-las no trabalho.
Em 2009, passou a fazer parte da Associação de Coqueiro Campo e começou a fazer as próprias peças. Hoje, seu trabalho se destaca pela delicadeza e beleza dos desenhos e da composição de cores que faz. Trabalha junto com sua mãe, Generosa, que também modela as peças.
Onde cria?
Alaíze mora atualmente no município de Turmalina, Vale do Jequitinhonha, na região nordeste de Minas Gerais, mais precisamente no Médio Jequitinhonha, onde se encontra o rio Araçuaí. Mas nasceu e segue produzindo também na comunidade rural de Campo Buriti. A região, antes coberta por mata atlântica e habitada pelo povo indígena Aranã, foi ocupada no século XVII pelos vaqueiros que buscavam terras para pastagem. Grande parte da mata foi derrubada e o que ficou no lugar foi o capim colonião e o solo castigado. Hoje, a principal atividade econômica presente no Vale é o cultivo de eucaliptos pelo agronegócio, que tem trazido consequências graves que atingem as comunidades e o ecossistema, como o desemprego, a crise hídrica, e os impactos na diversidade da fauna e da flora locais.
o Vale do Jequitinhonha é conhecido, muitas vezes, apenas pela pobreza, criada pelo desmatamento desmedido, e que estigmatizou negativamente a região. Pouco ainda se conhece sobre as riquezas sem medida manifestas nos saberes populares, nas danças, cantos, festas e na produção artesanal em palha, bambu, madeira, algodão e cerâmica. O Vale do Jequitinhonha também é conhecido como “Vale das mulheres”, e a comunidade de Coqueiro Campo expressa bem o sentido desse segundo nome.
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